O presente memorial é o resultado de uma atividade proposta pela disciplina de Alfabetização I, do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB, Campus Jequié, sob orientação da Profª Ma. Rosangela Alves de Oliveira. Este tem por objetivo descrever a minha trajetória durante o meu processo de alfabetização, dando foco às minhas experiências com a leitura e com a escrita.
Bom, me chamo Larisse Oliveira Araújo, tenho 20 anos. Nasci na cidade de Jequié-BA, onde moro até hoje. Tenho apenas um irmão, e sou a primeira filha dos meus pais. Minha infância foi fortemente marcada pela leitura e pela escrita, assim como também foi marcada por muito amor e carinho, e pela curiosidade das descobertas. Meu percurso pela alfabetização foi, sem dúvidas, um momento mágico e inesquecível, o qual compartilharei aqui, com muita alegria.
Para dar início a essa viagem no tempo, começarei contando sobre os meus primeiros contatos com a leitura e a escrita. Estes, ocorreram muito antes que eu iniciasse minha vida escolar. Não só dentro da minha casa, como também dentro da minha família, sempre tive muitas referências, e sempre fui bastante incentivada quanto a leitura. Meus pais dizem que, desde que eu era bem pequena, ainda bebê, eles liam histórias para mim, mesmo achando que eu não entendia, apesar de dizerem que eu ficava atenta, a olhar o que eles estavam falando comigo. As histórias que eles mais contavam, eram as da bíblia, e sempre compravam livros para mim, mesmo quando eu ainda não entendia as palavras e só os folheava e os olhava.
Este hábito foi tendo continuidade por toda a minha infância. Assim como os meus pais, algumas tias minhas liam pra mim e me contavam histórias. Como sempre tive muita imaginação, esses momentos eram mágicos para mim. Ouvindo as narrativas e textos recitados, viajava para outro universo, me imaginando nos contos e relatos contados.
Minha vida escolar teve início a partir dos meus 4 anos, pois na época, meus pais optaram por não me colocar para cursar o Maternal, por isso, aguardaram e, no ano seguinte, me matricularam no Infantil. Porém, antes disso, minha educação já vinha sendo construída em casa, e dentro do meio ao qual eu estava inserida, a partir da leitura, dos rabiscos, do contato com as letras, com os números, da forma na qual eu era levada a analisar as situações e também a partir da observação e da imitação, como por exemplo, quando no final semana, meus primos iam a minha casa ou eu ia na casa deles. Como nós tínhamos idades diferentes, uns estavam em séries mais avançadas que outros, e, nesses momentos em que nos encontrávamos - normalmente no quintal, entre os intervalos das brincadeiras - trocávamos, da nossa forma, experiências e saberes, e ,como eu era muito curiosa, absorvia muito do que eu ouvia, tanto deles quanto dos adultos em volta.
Durante o período da Educação Infantil até o Fundamental I, estudei em uma escola particular, que ficava localizada no meu bairro. No primeiro ano na escola, aprendi a copiar meu nome e também a fazer e a identificar algumas letras.
Aos 5 anos aprendi a ler, e também a escrever algumas palavras e frases. Foi um período muito prazeroso, pois eu tinha muita vontade de aprender as palavras e poder ler eu mesma ler as histórias dos livrinhos. Claro que, não lia e nem mesmo escrevia ou copiava as palavras perfeitamente. De início, a escrita era meio torta, desengonçada, e muitas vezes pareciam apenas rabiscos e rasuras, assim como a leitura também era mais dada a partir do reconhecimento de letras e palavras dentro dos textos, em alguma embalagem, ou mesmo nos letreiros de algum outdoor, mas, para mim, já era motivo de muita alegria.
Aos 5 anos aprendi a ler, e também a escrever algumas palavras e frases. Foi um período muito prazeroso, pois eu tinha muita vontade de aprender as palavras e poder ler eu mesma ler as histórias dos livrinhos. Claro que, não lia e nem mesmo escrevia ou copiava as palavras perfeitamente. De início, a escrita era meio torta, desengonçada, e muitas vezes pareciam apenas rabiscos e rasuras, assim como a leitura também era mais dada a partir do reconhecimento de letras e palavras dentro dos textos, em alguma embalagem, ou mesmo nos letreiros de algum outdoor, mas, para mim, já era motivo de muita alegria.
Aos 6 anos, enfim estava eu na alfabetização, um dos melhores períodos da minha vida, no qual eu realmente tive um contato mais direto e aprofundando com a leitura e a escrita. Apesar de minha alfabetização na escola ser dada, em boa parte, pelo método tradicional, foi um período maravilhoso e que ficou marcado positivamente.
Falando na minha alfabetização, não poderia deixar de falar sobre a minha professora, que hoje, se tornou uma amiga, e é uma das minhas maiores referências e inspirações estar cursando Pedagogia. Pró Eliane, era como a Professora Helena, de Carrosel. Uma professora que em seus olhos, transmitia ternura, e que em seus atos, transmitia amor no que fazia. Ela fazia com que nós, alunos, nos sentíssemos à vontade na sala de aula, e tinha um respeito muito grande pelo tempo de cada um. Buscava saber como estávamos, como nos sentíamos, como eram as coisas na nossa vida. Procurava proporcionar experiências prazerosas de aprendizagem, e também proporcionar momentos de reflexões, nos fazendo pensar, e não só reproduzir. Em relação à escrita, a pró utilizava bastante o nosso livro de caligrafia, e, particularmente eu amava. Nele, continham textos para copiarmos com letras cursivas, muitas imagens, inclusive, algumas para colorirmos.
Eu ficava super animada ao pegar a caligrafia, e ainda mais animada quando a professora, ou mesmo meus pais, elogiavam a minha letra. Era aquela sensação de que eu estava no caminho certo, a sensação de me sentir gente, ser atuante, que esteja cada vez mais ganhando a sua identidade no mundo. Também trabalhávamos com alguns textos dados pela pró. Alguns tínhamos que copiar, outros, fazíamos o reconhecimento das palavras que conhecíamos dentro do texto, e as que não conhecíamos e perguntávamos, ela nos apresentava, e nos falava sobre o significado da mesma.
Pró Eliane trabalhava e estimulava muito a nossa leitura. Em algumas aulas, lia histórias para nós, e depois, nos perguntava sobre a história (o que havíamos entendido, se gostamos, sobre quais eram os personagens etc). A maioria das histórias lidas e contadas, eram fábulas, as quais traziam um ensinamento no contexto, que valeria para toda a nossa vida. A cada unidade, recebíamos livros com essas histórias, faziam parte do material didático da escola, e eu ficava super ansiosa para saber qual seria o próximo livro. Quando eu ouvia uma das histórias lidas pela pró, ou recebia um desses materiais na escola, chegava em casa em êxtase, louca para contar para os meus pais, meus vizinhos, tias e primos a história que havia aprendido e contava várias e várias vezes a mesma história.
Um dos livros que mais marcaram esse período da minha vida, foi o livro Gigi, a girafa elegante. Foi um dos primeiros livros que consegui ler com propriedade e total entendimento. O livro falava sobre uma girafa chamada Gigi, que se achava a mais bela, vaidosa e elegante girafa, porém, algumas situações que ocorrem ao longo da história, fazem com que ela perceba que, ninguém é melhor que ninguém, e que não devemos, nunca, nos acharmos superiores.
Voltando a falar da escrita, eu gostava muito de escrever cartas para as minhas colegas, e para familiares. Mesmo antes de saber escrever corretamente as palavras, eu fazia desenhos, colocava palavras aleatórias, e assinava o meu nome. Mais pra frente, comecei a escrever com propriedade, e com o passar dos anos, comecei a fazer escritos de minha própria autoria.
Digo sem hesitar que, minha vida, principalmente a minha infância no período de alfabetização, foi extremamente marcada pela leitura e pela escrita de forma positiva. Estas, foram peças fundamentais para hoje eu ser quem eu sou. Como fui uma criança um tanto tímida e inibida, através destas, pude encontrar a liberdade de me expressar, e até hoje, me sinto livre quando leio e escrevo.
Através da leitura, pude ir muito além da decifração dos códigos e das palavras. Aprendi a ler e interpretar o mundo, assim como também a mim mesma. Para Meireles (1979), “a leitura na infância não é um passatempo e sim uma nutrição”, e eu vou totalmente de acordo a esta afirmação.
A leitura é fundamental para o desenvolvimento e para o aprendizado da criança. Muito mais que seres alfabetizados, a leitura transforma o indivíduo em ser consciente e atuante. Como afirma Paulo Freire( 1988), “A leitura do mundo precede a leitura da palavra”, e foi exatamente o que ocorreu na minha infância. A partir de leituras de fábulas, livros, histórias bíblicas, gibis, e até mesmo de bulas e de embalagens, pude desenvolver noção e consciência da realidade, da vida, assim como também, pude desenvolver o meu vocabulário e a minha escrita.
Hoje, continuo encontrando prazer e liberdade no ato de ler. E sendo um tanto audaciosa, a partir da leitura, me tornei revolucionária. Esta me amplia os horizontes, e me permite conhecer mundos, culturas, entender opiniões, conhecer mais sobre alguns assuntos e, tudo isso, sem mesmo sair do lugar. Da mesma forma, a escrita desperta em mim revolução, e me instiga a ir além, a me aprofundar. Uso as palavras escritas para me desnudar, para expressar o que transborda em mim, para me permitir ser vulnerável ao outro, ao mesmo tempo que me fortaleço. Faço das palavras, a minha liberdade!
Espero que as minhas memórias tenham te inspirado. Estou feliz por compartilhar essa história com você!
Até mais e um grande abraço!
Espero que as minhas memórias tenham te inspirado. Estou feliz por compartilhar essa história com você!
Até mais e um grande abraço!
Lari, você é incrível!
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